Getúlio Dornelles Vargas nasceu na cidade de São Borja, Rio Grande do Sul, no dia 19 de abril de 1882.
Getúlio tinha 1,60 metro e detestava sua altura — por isso, os fotógrafos oficiais eram obrigados a usar um truque para tentar mostrá-lo maior do que era. Antes de chegar à presidência, ele foi ministro da Fazenda de Washington Luís, presidente que o depôs e o mandou para o exílio. Em 1934, circulava em Belo Horizonte a "Revista de Minas". Quando chegou a notícia de que Getúlio havia escolhido Virgílio de Melo Franco para governador, os editores fizeram a seguinte chamada de capa: "Virgílio, o governador". Na manhã da circulação, veio o desmentido. O indicado, na verdade, fora Benedito Valadares. A "Revista de Minas" não podia mais mudar a capa. Fizeram um carimbo enorme, na medida da manchete, e chancelaram embaixo: "do coração dos mineiros". Em 1936, Getúlio entregou a alemã Olga Benário, mulher do líder comunista Luís Carlos Prestes, ao governo de Hitler. Judia e comunista, Olga morreu na câmara de gás de um campo de concentração, em 1942. O presidente era chamado de Pai dos Pobres. Durante o Estado Novo, Vargas determinou que as repartições públicas tivessem um retrato do Presidente da República na parede. Em 1945, Getúlio Vargas foi deposto e suas fotos foram retiradas. Reeleito em 1950, os retratos voltaram. Isso inspirou uma música de muito sucesso, feita em 1951. "Retrato do velho", de Haroldo Lobo e Marino Pinto, foi interpretada por Francisco Alves. Getúlio detestou ser chamado de velho. Conheça a letra: Bota o retrato do velho outra vez Bota no mesmo lugar O sorriso do velhinho Faz a gente trabalhar, oi! Eu já botei o meu E tu não vais botar? Já enfeitei o meu E tu vais enfeitar? O sorriso do velhinho Faz a gente se animar, oi!
Em
1953, Getúlio foi convidado para a cerimônia de coroação da rainha
Elizabeth II, da Inglaterra. Como presente, ele lhe entregou um colar e
um par de brincos. O colar pesava 300 gramas, com 10 águas-marinhas de
120 quilates e 647 brilhantes.
Getúlio sofria de artrite. Ele gostava de jogar golfe na companhia de amigos. Para isso, dispunha de tacos fabricados na Inglaterra e todas as bolas tinham impresso em vermelho o seu nome. Getúlio se considerava "pouco supersticioso". Ele dizia ter simpatia apenas pelo número 13. A primeira-dama Darci Vargas fundou a Casa do Pequeno Jornaleiro, a primeira organização brasileira a cuidar de menores abandonados. No dia 24 de agosto de 1954, o presidente Getúlio Vargas suicidou-se com um tiro no coração, às 8h35, em seu aposento no 3º andar do Palácio do Catete (RJ). A primeira pessoa da família a acudi-lo foi o deputado Lutero Vargas, que encontrou o pai agonizante. A arma do suicídio foi um revólver calibre 32 com cabo de madrepérola que ele possuía desde 1930. Getúlio deixou uma carta-testamento em cima do criado-mudo. Durante o velório de Vargas, calcula-se que 1 milhão de pessoas dirigiram-se ao Palácio do Catete. Um trecho de seu diário, escrito em 3 de outubro de 1930, revelou que Vargas já insinuava que se mataria caso fosse derrotado pela oposição: "Sinto que só o sacrifício da vida resgata o erro de um fracasso". Em 26 de julho de 1936, ele anotou: "Quando terminar o meu mandato, serei um vivo-morto, como tantos outros que andam por aí".
Carta-Testamento
Mais uma
vez, as forças e os interesses contra o povo coordenaram-se novamente e se
desencadeiam sobre mim.
Não me
acusam, me insultam; não me combatem, caluniam e não me dão o direito de
defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu não
continue a defender como sempre defendi o povo e principalmente os humildes.
Sigo o
destino que me é imposto. Depois de decênios de domínio e espoliação dos grupos
econômicos e financeiros internacionais, fiz-me chefe de uma revolução e venci.
Iniciei o trabalho de libertação e instaurei o regime de liberdade social. Tive
que renunciar. Voltei ao governo nos braços do povo. A campanha subterrânea dos
grupos internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra o
regime de garantia do trabalho.
A lei de lucros extraordinários foi detida no
Congresso. Contra a Justiça da revisão do salário-mínimo se desencadearam os
ódios. Quis criar a liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas
através da Petrobrás, mal começa esta a funcionar, a onda de agitação se
avoluma. A Eletrobrás foi obstaculada até o desespero. Não querem que o
trabalhador seja livre. Não querem que o povo seja independente.
Assumi o
Governo dentro da espiral inflacionária que destruía os valores do trabalho. Os
lucros das empresas estrangeiras alcançavam até 500% ao ano. Nas declarações de
valores do que importávamos existiam fraudes constatadas de mais de 100 milhões
de dólares por ano. Veio a crise do café, valorizou-se o nosso principal
produto. Tentamos defender seu preço e a resposta foi uma violenta pressão
sobre a nossa economia a ponto de sermos obrigados a ceder.
Tenho
lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a uma pressão constante,
incessante, tudo suportando em silêncio, tudo esquecendo, renunciando a mim
mesmo, para defender o povo que agora se queda desamparado. Nada mais vos posso
dar a não ser meu sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem
continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida.
Escolho este meio de estar sempre convosco.
Quando
vos humilharem sentireis minha alma sofrendo ao vosso lado. Quando a fome bater
à vossa porta, sentireis em vosso peito a energia para a luta por vós e vossos
filhos. Quando vos vilipendiarem, sentireis no meu pensamento a força para a
reação. Meu sacrifício nos manterá unidos e meu nome será a vossa bandeira de
luta. Cada gota de meu sangue será uma chama imortal na vossa consciência e
manterá a vibração sagrada para a resistência.
Ao ódio
respondo com o perdão. E aos que pensam que me derrotaram respondo com a minha
vitória. Era escravo do povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse
povo de quem fui escravo não mais será escravo de ninguém. Meu sacrifício
ficará para sempre em sua alma e meu sangue terá o preço do seu resgate.
Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia, não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na história. Manoel Antonio Sarmanho Vargas, de 79 anos, foi o último filho do ex-presidente a morrer. Ele se matou com um tiro no coração — como seu pai —, no dia 15 de janeiro de 1997. Fonte: Prof. Gabriel Campos de Oliveira |
Reflexão
"Se alguém lhe disser que seu trabalho não é o de um profissional, lembre-se:
amadores construíram a Arca de Noé e profissionais, o Titanic."
Um dia a lágrima disse ao sorriso: “Invejo-te porque vives sempre feliz”.
O sorriso respondeu: “Engana-se, pois muitas vezes sou apenas o disfarce da tua dor”.
domingo, 24 de agosto de 2014
60 anos do suicidio de Getulio Vargas
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