Por Dom Henrique Soares, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Aracajú-SE
A situação é extremamente preocupante:
no Brasil, há uma televisão de altíssimo nível técnico e baixíssimo
nível de programação. Sem nenhum controle ético por parte da sociedade,
os chamados canais abertos (aqueles que se podem assistir
gratuitamente)fazem
a cabeça dos brasileiros e, com precisão satânica, vão destruindo tudo
que encontram pela frente: a sacralidade da família, a fidelidade
conjugal, o respeito e veneração dos filhos para com os pais, o sentido
de tradição (isto é, saber valorizar e acolher os valores e as
experiências das gerações passadas), as virtudes, a castidade, a
indissolubilidade do matrimônio, o respeito pela religião, o temor
amoroso para com Deus.
Na telinha, tudo é permitido,
tudo é bonitinho, tudo é novidade, tudo é relativo! Na telinha, a vida é
pra gente bonita, sarada, corpo legal… A vida é sucesso, é romance com
final feliz, é amor livre, aberto desimpedido, é vida que cada um faz e
constrói como bem quer e entende! Na telinha tem a Xuxa, a Xuxinha,
inocente, com rostinho de anjo, que ensina às jovens o amor liberado e o
sexo sem amor, somente pra fabricar um filho…
Na telinha tem o Gugu,
que aprendeu com a Xuxa e também fabricou um bebê… Na telinha tem os
debates frívolos do Fantástico, show da vida ilusória… Na telinha tem
ainda as novelas que ensinam a trair, a mentir, a explorar e a
desvalorizar a família… Na telinha tem o show de baixaria do Ratinho e
do programa vespertino da Bandeirantes, o cinismo cafona da Hebe, a
ilusão da Fama… Enquanto na realidade que ela, a satânica telinha ajuda a
criar, te mos adolescentes grávidas deixando os pais loucos e a o
futuro comprometido, jovens com uma visão fútil e superficial da vida, a
violência urbana, em grande parte fruto da demolição das famílias e da
ausência de Deus na vida das pessoas, os entorpecentes, um culto
ridículo do corpo, a pobreza e a injustiça social… E a telinha
destruindo valores e criando ilusão…
E quando se questiona a qualidade da programação e se pede alguma forma de controle sobre os meios de comunicação, as respostas são prontinhas: (1) assiste quem quer e quem gosta, (2) a programação é espelho da vida real, (3) controlar e informação é antidemocrático e ditatorial… Assim,
com tais desculpas esfarrapadas, a bênção covarde e omissa de nossos
dirigentes dos três poderes e a omissão medrosa das várias organizações
da sociedade civil – incluindo a Igreja, infelizmente – vai a televisão
envenenando, destruindo, invertendo valores, fazendo da futilidade e do
paganismo a marca registrada da comunicação brasileira…
Um triste e último exemplo de tudo isso é o atual programa da Globo, o Big Brother (e também aquela outra porcaria, do SBT, chamada Casa dos Artistas…).
Observe-se como o Pedro Bial, apresentador global, chama os personagens
do programa: “Meus heróis! Meus guerreiros!” – Pobre Brasil! Que tipo
de heróis, que guerreiros! E, no entanto, são essas pessoas
absolutamente medíocres e vulgares que são indicadas como modelos para
os nossos jovens!
Como
o programa é feito por pessoas reais, como são na vida, é ainda mais
triste e preocupante, porque se pode ver o nível humano tão baixo a que
chegamos! Uma semana de convivência e a orgia corria solta… Os
palavrões são abundantes, o prato nosso de cada dia… A grande
preocupação de todos – assunto de debates, colóquios e até crises – é a
forma física e, pra completar a chanchada, esse pessoal, tranqüilamente dá-se
as mãos para invocar Jesus… Um jesusinho bem tolinho, invertebrado e
inofensivo, que não exige nada, não tem nenhuma influência no
comportamento público e privado das pessoas… Um jesusinho de encomenda, a
gosto do freguês… que não tem nada a ver com o Jesus vivo e verdadeiro
do Evangelho, que é todo carinho, misericórdia e compaixão, mas odeia o
fingimento, a hipocrisia, a vulgaridade e a falta de compromisso com ele
na vida e exige de nós conversão contínua! Um jesusinho tão bonzinho
quanto falsificado… Quanta gente deve ter ficado emocionada com os
“heróis” do Pedro Bial cantando “Jesus Cristo, eu estou aqui!”
Até quando a televisão vai assim? Até quando os brasileiros ficaremos calados? Pior
ainda: até quando os pais deixarão correr solta a programação
televisiva em suas casas sem conversarem sobre o problema com seus
filhos e sem exercerem uma sábia e equilibrada censura? Isso mesmo:
censura! Os pais devem ter a
responsabilidade de saber a que programas de TV seus filhos assistem,
que sites da internet seus filhos visitam e, assim, orientar, conversar,
analisar com eles o conteúdo de toda essa parafernália de comunicação
e, se preciso, censurar este ou aquele programa.
Censura com amor, censura com explicação dos motivos, não é mal; é bem! Ninguém é feliz na vida fazendo tudo que quer, ninguém amadurece se não conhece limites;
ninguém é verdadeiramente humano se não edifica a vida sobre valores
sólidos…
E ninguém terá valores sólidos se não aprende desde cedo a
escolher, selecionar, buscar o que é belo e bom, evitando o que polui o
coração, mancha a consciência e deturpa a razão!
Aqui não se trata de ser moralista, mas de chamar atenção para uma realidade muito grave
que tem provocado danos seríssimos na sociedade. Quem dera que de um
modo ou de outro, estas linha de editorial servissem para fazer pensar e
discutir e modificar o comportamento e as atitudes de algumas pessoas
diante dos meios de comunicação.
Fonte: http://www.comshalom.org/blog/carmadelio/28414-o-lixo-big-brother-bispo-da-igreja-se-manifesta-sobre-programa
Fonte: http://www.comshalom.org/blog/carmadelio/28414-o-lixo-big-brother-bispo-da-igreja-se-manifesta-sobre-programa
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