A maior jazida de calcedônia do mundo foi descoberta
no município de Nazaré do Piauí (270 km de Teresina) na fazenda
Calcadinho, do empresário Valdeci Cavalcanti, em propriedade que já
pertenceu ao Visconde de Parnaíba.
A fazenda Calçadinho possui 17 mil hectares de terras
e neste período do ano o verde toma conta de toda a paisagem em virtude
das chuvas. A paisagem seca, que é vista durante quase todos os meses
do ano, é substituída pelo verde, as carnaubeiras com suas copas
completas, o gado gordo na pastagem e fruteiras como o umbu cajá ficam
apinhadas de pequenos e verdes frutos.
O administrador da fazenda Calçadinho, Conegundes
Gonçalves, informa que a fazenda tem 480 cabeças de gado, mas em seus
tempos áureos chegou a ter mais de 4 mil cabeças, quando era do
ex-senador João Lobo.
A fazenda possui oito açudes, sendo que três deles
chegam a represar água em oito quilômetros. Para chegar na fazenda é
preciso percorrer 35 quilômetros em estrada de piçarra.
No meio de veredas e caminhos abertos há séculos
pelos moradores da fazenda estão grandes rochas de calcedônia, uma das
variedades cripocristalinas do quarto (cristal).
O geólogo Érico Rodrigues Gomes, da empresa Erggeo
Geologia e Consultoria, que descobriu a calcedônia na fazenda
Calçadinho, quando foi contratado pelo empresário Valdeci Cavalcante
para fazer um diagnóstico da presença de minerais na propriedade, diz
que ao contrário do resto do país e de outros países o veio da
calcedônia em Nazaré do Piauí não precisa de perfurações, escavações e
implosões para ser explorado, por estar na superfície da terra. “Aqui na
fazenda, nós não chamamos de extração da calcedônia, mas de coleta
porque o veio está na superfície”, declarou Érico Rodrigues Gomes.
A jazida da calcedônia ocupa em torno de 100 hectares
de terras da fazenda. A área onde foi encontrado o minério e começa a
ser explorado é de 300 metros de largura por seis quilômetros de
comprimento. ”Sabemos que é o tamanho da jazida é uma anomalia,
pesquisamos na literatura, nos simpósios de mineração e nos relatórios
especializados e não há nenhuma maior jazida de calcedônia no mundo que a
de Nazaré do Piauí. O que nos impressiona é o gigantismo da ocorrência
do minério”, falou Érico Rodrigues.
A facilidade com que o minério é extraído facilita
seu beneficiamento. O vaqueiro da fazenda, Domingos Vieira de Sousa, de
57 anos, que nasceu no local agora é quem faz a coleta da pedra em
estado bruto e leva para as oficinas de dilapidação.
Ele usa uma alavanca, retira a pedra do solo e leva
para as oficinas de dilapidação. Uma pedra de tamanho médio é suficiente
para a produção de mais de 500 peças para jóias e pastilhas para
painéis decorativos.
Nas veredas, as pedras brutas estão espalhadas por
todo o caminho. “Eu sempre passei por aqui e não sabia que tinha essa
riqueza toda. Eu nem usava elas nem para baladeiras (estilingues) para
matar pássaros porque a gente usava as redondinhas. Ninguém sabia que
essas pedras são valiosas, nem os que moram aqui em Nazaré, nem os que
já moraram, nem os que já foram (morreram)”, afirma Domingos Vieira de
Sousa.
Minério é usado em jóias, decoração, artesanato e para a saúde
O geólogo Érico Rodrigues Gomes, piauiense de Campo
Maior, graduado em Geologia pela Universidade Federal do Pará (UFPA) e
que foi professor do Instituto Brasileiro de Gemologia e Mineralogia, no
Rio de Janeiro, diz que a calcedônia é usada na produção de jóias como
pingentes, em colares e pulseiras; na decoração com uso de pastilhas do
minério para a confecção de painéis e mosaicos e no artesanato com a
produção de pirâmides e esculturas.
As crenças sobre o poder curativo da calcedônia têm
estimulado cada vez mais o seu uso para fins medicinais em spas de
relaxamento e beleza e entre os esotéricos. A pedra é encontrada na
Namíbia, Estados Unidos, Turquia, Índia e no Brasil. Conhecida desse a
antiguidade, a calcedônia é comparada pelos tibetanos à flor de lótus
por causa de sua beleza e por proteger as pessoas da fraqueza,
insatisfação e melancolia.
Nos spas as pedras de calcedônia são usadas como
energizadoras e para combater ataques de epilepsia e para a cura de
distúrbios do sono.
Por ser resistente, calcedônia quebrou máquinas em lapidação de opala
Por ser resistente, a calcedônia destruiu parte das
máquinas compradas, em investimentos iniciais de R$ 100 mil, pelo
empresário Valdeci Cavalcante.
Os equipamentos comprados foram martelos, serras,
esmeril para polir, dar formas e brilho às gemas com a mesma tecnologia
do beneficiamento da opala, minério encontrado em Pedro II, na região
Norte do Piauí. “Mas a calcedônia é muito resistente e os equipamentos
adaptados para o beneficiamento da opala foram quebrados.
Agora foram
comprados equipamentos específicos para a lapidação da calcedônia”, diz o
lapidador Luiz Antônio Paulo de Oliveira, que beneficia opalas em Pedro
II desde os 13 anos de idade e hoje possui 37 anos e está trabalhando
em Nazaré do Piauí. “A calcedônia tem uma beleza e um brilho
impressionante”, define Luiz Antônio.
Fonte: Meio Norte
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